Vidro quebrado vira negócio de impacto no Amapá

 

Cada brasileiro gera em média 382 kg de resíduos sólidos urbanos por ano. A Região Norte responde por 7,5% desse volume. Fotos: Divulgação Vitrum

Em Macapá, no coração da Amazônia, uma startup tem mudado o destino do vidro descartado. A Vitrum, negócio de impacto fundado por Janaína Silvestre, transforma resíduos em produtos sustentáveis para a construção civil — e já virou referência na reciclagem de vidro no Norte do Brasil.

O desafio da gestão de resíduos sólidos urbanos (RSU) no país ainda é enorme. Segundo o Panorama dos Resíduos Sólidos no Brasil 2024, da Associação Brasileira de Resíduos e Meio Ambiente (ABREMA), cada brasileiro gera em média 382 kg de RSU por ano. A Região Norte responde por apenas 7,5% desse volume, mas sofre com a falta de estrutura para reaproveitar materiais — especialmente o vidro.

Foi nesse contexto que nasceu a Vitrum, em 2021. Janaína e seus sócios, então voluntários do movimento Lixo Zero, perceberam que o vidro não era coletado nos ecopontos da cidade. O motivo? Custo alto de transporte para reciclagem no Sudeste e falta de alternativas locais.

“Nós começamos a pesquisar alternativas que pudessem ser realizadas de forma local, sem precisar enviar o vidro para fora do estado. Assim, conseguimos aumentar o valor do material e gerar impacto na própria região”, explica Janaína.


Produção em escala

A primeira virada veio com a participação no programa Inova Amazônia, do Sebrae, onde a Vitrum recebeu um aporte de R$ 6 mil e desenvolveu o protótipo do seu produto: areia de vidro para substituir a areia natural na construção civil.

Em três anos, a empresa reciclou mais de 30 toneladas de vidro, reduzindo impacto ambiental e gerando renda na região.


A startup foi ganhando tração. Participou do “Startup Indústria”, do Senai, e avançou no próprio Inova Amazônia, desta vez no módulo de tração. Com um novo aporte de R$ 36 mil, ampliou o portfólio, passando a produzir misturas cimentícias, peças decorativas e, em breve, móveis sustentáveis.

Em três anos de operação, a Vitrum reciclou mais de 30 toneladas de vidro, evitando que o material fosse parar em aterros e poupando cerca de 5 toneladas de CO₂ da atmosfera. O processo é totalmente sustentável, sem necessidade de compensação ambiental.

A startup transforma lixo em decoração com design sustentável.

“Hoje, com pensamentos em escala industrial, é necessário que se tenha um investimento maior para que consigamos produzir mais, até mesmo para absorver a quantidade de vidro gerada anualmente. Não somente em nosso estado, mas em toda a região Norte”, afirma Janaína.

A estimativa é de que um novo ciclo de crescimento exija um aporte de R$ 2 milhões, com foco na exportação dos produtos.

Sustentabilidade com estilo

Em 2025, a Vitrum aposta em novidades: coleta por assinatura para bares e restaurantes, ecopontos patrocinados e o lançamento de uma linha exclusiva de móveis e peças decorativas de vidro reciclado.

“Nosso compromisso é continuar inovando, aliando sustentabilidade ambiental e financeira. Queremos garantir um crescimento próspero para Macapá e, em breve, para toda a Amazônia”, diz Janaína.

Com soluções criativas, propósito socioambiental e olho no futuro, a Vitrum prova que o que era lixo pode virar oportunidade — e impacto positivo.

Fonte: Vitrum
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