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A pesquisa identificou 14 pesticidas diferentes na água da chuva coletadas em SP. Foto: Vecteezy |
Campinas registrou a maior concentração de resíduos — 701 microgramas por metro quadrado (µg/m²), seguida por Brotas (680 µg/m²) e pela capital paulista (223 µg/m²). Além dos pesticidas, a pesquisa detectou cinco produtos de degradação, que indicam a persistência dessas substâncias no ambiente.
Risco para o Meio Ambiente e Saúde
Entre os contaminantes mais recorrentes estão o herbicida atrazina, presente em todas as amostras, e o fungicida carbendazim, banido no Brasil, mas ainda encontrado em 88% dos registros. O herbicida tebuthiuron, identificado pela primeira vez em água da chuva, apareceu em 75% das amostras.
A presença de compostos como 2,4-D — associado a problemas de fertilidade humana — e do inseticida fipronil — tóxico para abelhas — reforça a preocupação com os efeitos colaterais dessa exposição contínua, mesmo em concentrações consideradas “dentro dos limites” para a água potável.
O fenômeno se explica pela pulverização de agrotóxicos nas lavouras. Uma parte dos produtos se dispersa na atmosfera e, ao condensar, retorna ao solo por meio das chuvas — atingindo regiões distantes dos centros agrícolas.
População em perigo
A descoberta é ainda mais alarmante considerando que o Brasil lidera o consumo global de pesticidas, com mais de 800 mil toneladas aplicadas em 2022, segundo a FAO. O estado de São Paulo é o segundo maior consumidor do país, atrás apenas do Mato Grosso.
Embora o estudo aponte que nem todos os compostos representam risco imediato à saúde humana, o acúmulo desses resíduos no ambiente, sobretudo em corpos d’água, representa um sério desafio para a sustentabilidade dos ecossistemas e para a segurança alimentar e hídrica.
Fonte: Jornal Unicamp