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A pesquisa coletou mais de 2,3 mil formigas, identificando 136 espécies. Foto: Ayrton Lopes/Fapeam |
Um estudo científico realizado no Arquipélago de Anavilhanas, no Amazonas, revelou como o isolamento das ilhas e o ciclo de cheias do Rio Negro influenciam a movimentação das formigas aladas na região. O estudo, desenvolvido por pesquisadores do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa), foi coordenado pela doutora em Ciências Biológicas, Itanna Oliveira Fernandes, com apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (Fapeam), por meio do Programa Amazônidas – Mulheres e Meninas na Ciência.
As formigas, reconhecidas por sua organização social e papel como bioindicadoras ambientais, foram o foco do projeto “Ilhadas, porém aladas: dinâmica de dispersão das formigas no Arquipélago de Anavilhanas”. O trabalho avaliou como o alagamento periódico e o isolamento das ilhas afetam a composição das espécies, especialmente durante os voos nupciais – fase em que as formigas reprodutoras ganham asas e se deslocam em busca de novos habitats.
Durante a pesquisa, mais de 2,3 mil formigas foram coletadas em 10 pontos amostrais – sendo oito em ilhas e dois em áreas de terra firme nas margens do rio. A coleta utilizou armadilhas de interceptação de voo e amostras de serrapilheira. No total, foram identificadas 136 espécies pertencentes a 49 gêneros e oito subfamílias, incluindo espécies cultivadoras de fungos.
De acordo com Itanna Fernandes, a diversidade das formigas sofre forte influência da cheia do Rio Negro.
“Muitas espécies constroem ninhos no solo e os perdem anualmente. Algumas se adaptam ao novo ambiente arbóreo, migrando para as copas das árvores, mas nem todas conseguem sobreviver”, explicou.
A análise revelou que a distância entre as ilhas não é um fator determinante para a diferença entre as espécies encontradas, mas o tempo e a variação do nível do rio são cruciais para a mudança na composição das comunidades. Isso reforça a importância do Parque Nacional de Anavilhanas na conservação da biodiversidade amazônica.
O estudo pretende continuar com novas análises ecológicas e genéticas, fortalecendo o banco de dados sobre a fauna amazônica.
“O apoio da Fapeam foi fundamental para viabilizar a pesquisa e abrir novas possibilidades de investigação”, destacou Itanna.
Sobre o Programa
Criado em 2021, o Programa Amazônidas – Mulheres e Meninas na Ciência visa ampliar a participação feminina na ciência no Amazonas. Com investimento superior a R$ 25 milhões até 2025, a iniciativa já lançou 12 editais e beneficiou mais de 10 mil pesquisadoras em todo o estado.