Dia de celebrar o empoderamento feminino dos povos originários do Brasil. Fotos: divulgação |
Por Luciana Bezerra
A pintura corporal indígena é muito mais do que um elemento estético; ela carrega a ancestralidade, a identidade, empoderamento e a resistência dos povos originários do Brasil. Com 305 etnias e 274 línguas faladas no país, cada povo possui grafismos próprios que representam sua história e sua conexão com a natureza.
Neste 'Dia Internacional da Mulher' (08/03), o Conectaeco conversou com a cineasta indígena, Thais Kokama, que compartilhou histórias marcantes de resistência, cultura, ancestralidade e empoderamento feminino da comunidade Inhaã-bé, na região de Manaus.
"A pintura é um ato de resistência, identidade, ancestralidade e uma força imensurável que nosso povo tem de se expressar", afirma Thais Kokama, artista indígena, destacando a importância desse costume na preservação cultural dos povos originários.
Significado do grafismo
Os traços desenhados na pele não são meros adornos, mas símbolos de pertencimento a um clã ou nação. No povo KoKama, por exemplo, existem clãs associados a elementos da natureza, como pássaros, rios e árvores. A tinta utilizada vem do Genipapo, um fruto amazônico que, além de 100% natural, fortalece o espírito e a conexão com a ancestralidade.
O Brasil tem 305 etnias e 274 línguas faladas no país. Foto: |
"A extração do pigmento é simples e sustentável: o Genipapo verde é ralado, deixado ao sereno e espremido para liberar a tinta líquida", explica Thaís.
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O preconceito à cultura ancestral dos povos originários ainda é latente no país. |
Empoderamento e empreendedorismo
O uso da pintura indígena vai além do corpo e se expande para o empreendedorismo. Algumas aldeias aplicam os grafismos em tecidos e roupas, levando essa arte para o mundo da moda e fortalecendo a economia indígena.
"A gente envolve a ancestralidade com o empreendedorismo", enfatiza Thais, reforçando a importância da valorização e comercialização dessa cultura. Esse movimento não apenas mantém as tradições vivas, mas também gera renda e visibilidade para os povos originários.
Agora Thais faz parte do Empreender Conecta, uma iniciativa do Sebrae Nacional, cujo objetivo é criar conteúdos que fortaleçam os negócios e enalteçam a riqueza da arte ancestral da comunidade.
Preconceito
Apesar da riqueza cultural, o preconceito ainda é uma barreira para os indígenas, inclusive em centros urbanos como Manaus. "As pessoas olham estranho quando veem nossas mãos pintadas de Genipapo, acham que estamos sujos", relata a indígena.
Manifestações culturais ampliar o respeito pela diversidade indígena no país. |
O desconhecimento sobre os povos indígenas reforça estereótipos e dificulta a aceitação de suas expressões culturais. Na educação, crianças indígenas são alvo de discriminação por suas pinturas, evidenciando a necessidade de maior conscientização.
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A pintura corporal fortalece o empreendedorismo da comunidade. |
A resistência indígena se fortalece por meio da arte e da divulgação de suas tradições. Com iniciativas como a pintura corporal e o empreendedorismo, os povos originários reafirmam sua identidade e desafiam o apagamento histórico.
Embora o preconceito ainda exista, a valorização dessas manifestações culturais pode ajudar a mudar percepções e ampliar o respeito pela diversidade indígena no Brasil.
Fonte: Ascom Thais Kokama