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Foto: divulgação SOLOS |
Em um cenário alarmante onde o Brasil figura como o quarto maior produtor de lixo do mundo, com 80 milhões de toneladas anuais e uma taxa de reciclagem de apenas 4%, a startup baiana SOLOS surge como um farol de esperança. Fundada em 2017, a empresa se dedica a transformar o que é visto como problema em oportunidade, impulsionando uma economia circular inclusiva e justa, com foco nas comunidades mais vulneráveis do país.
Com atuação em oito estados, a SOLOS escolheu o Nordeste, região com os piores indicadores de gestão de resíduos sólidos, como seu principal campo de batalha. Saville Alves, fundadora e líder de negócios da SOLOS, explica que a iniciativa nasceu da necessidade urgente de reformular um sistema que historicamente explora catadores em condições precárias. "Nosso trabalho é garantir que o lixo não seja apenas descartado, mas transformado em renda e inclusão social para os mais vulneráveis", afirma Saville.
Resultados expressivos
A startup já gerou R$ 4,4 milhões em renda para cooperativas e catadores, além de coletar 1,5 mil toneladas de resíduos, encaminhando-os para o destino correto e reinserindo-os na cadeia produtiva. Por meio de soluções inteligentes como sistemas de coleta, gestão de resíduos em grandes eventos e ações sustentáveis, a SOLOS conquistou a confiança de gigantes como iFood, Heineken, Braskem e Ambev.
Um exemplo notável do impacto da SOLOS é o projeto realizado durante o Réveillon em Salvador. Em parceria com a prefeitura e as cervejarias Heineken e AMSTEL, a startup implementou uma central de reciclagem no festival da virada, coletando 12 toneladas de resíduos e gerando mais de R$ 157 mil em renda para os catadores locais.
Outros parceiros
A SOLOS também aposta em parcerias inovadoras, como o "Delivery da Reciclagem" da Re-Ciclo, um sistema de coleta seletiva em Fortaleza que utiliza triciclos elétricos. O projeto, que já é um sucesso, foi premiado na última Semana do Clima de Nova York, em setembro de 2024. Outro case de destaque é o Vidrado, em Caraíva, que transforma o vidro coletado em renda para os povos indígenas da região, com a adesão de 100% dos moradores. O plano é replicar a metodologia em outros distritos, expandindo o impacto positivo da iniciativa.
Para Saville Alves, o lixo é o principal indicador de pobreza e uma ferramenta de mobilidade social. "É sobre mostrar que a matéria-prima pode voltar para a cadeia produtiva e trazer benefícios", ressalta. Consciente de que a conscientização é fundamental, a empresa também investe em educação ambiental, promovendo programas que ensinam sobre consumo consciente e sustentabilidade para crianças e jovens.
Inspiração familiar
A trajetória de Saville, é enraizada em valores familiares e experiências marcantes. A relação com sua mãe e a educação recebida moldaram sua visão de mundo, impulsionando a criação do negócio de impacto. Sua atuação anterior na área de sustentabilidade da Braskem e o trabalho voluntário na ONG Teto, onde testemunhou de perto os desafios de saneamento básico e coleta de resíduos em comunidades carentes, despertaram sua sensibilidade para a questão.
Anos depois, a SOLOS nasceu como um projeto no laboratório da Yunus Social Business, sendo posteriormente validada em programas de aceleração em São Paulo. Saville relembra as dificuldades iniciais, típicas das startups brasileiras, mas hoje celebra o crescimento da empresa e os prêmios conquistados. O objetivo agora é ambicioso: expandir as operações da empresa para todos os estados do país, ampliando o impacto positivo na gestão de resíduos e na vida de comunidades vulneráveis.
Fonte: Exame