Seca no Amazonas: Teleatendimento psicológico cresce 18% em meio à crise

Foto: Vecteezy

O período de estiagem na Amazônia não afeta apenas o meio ambiente, mas também a saúde mental de indígenas e ribeirinhos da região. De acordo com levantamento da Fundação Amazônia Sustentável (FAS), divulgado em 30 de janeiro, entre agosto e outubro de 2024, o teleatendimento, projeto criado pela FAS para dar suporte emocional a essas populações, realizou mais de 50 atendimentos psicoterapêuticos, auxiliando os moradores a lidar com os desafios da seca. 

O aumento na demanda reflete a gravidade do momento: em 2023, foram registrados 193 teleatendimentos, enquanto em 2024 esse número subiu para 229, um crescimento de 18%. Em média, 30% das queixas estão diretamente relacionadas à estiagem, incluindo sintomas de depressão, fobia social, transtorno do estresse pós-traumático (TEPT), conflitos familiares e conjugais, e luto.

Em 2024, o estado registrou a pior seca de sua história, afetando todos os 62 municípios. Dados do estudo revela ainda que a iniciativa da FAS tem se mostrado essencial, diante da escassez de água, da dificuldade de acesso a alimentos e medicamentos e da interrupção do calendário escolar, pois o isolamento e a incerteza geram um aumento significativo de ansiedade e angústia, principalmente entre setembro e dezembro, meses de pico da estiagem. 

Segundo um estudo publicado na revista científica The Lancet Planetary Health, mais de 60% dos jovens entre 16 e 25 anos, no Brasil, se dizem "muito" ou "extremamente preocupados" com as mudanças climáticas

Impactos e desafios

A seca também impacta a rotina dos moradores. Com a queda na renda e dificuldades de locomoção, muitos se vêm presos em casa por mais tempo, aumentando o estresse e os conflitos familiares. O calor excessivo tem reduzido a prática de atividades físicas, que é uma das principais recomendações para manter o equilíbrio emocional. Com menos espaço para lidar com a ansiedade, o impacto na saúde mental torna-se ainda mais expressivo.

O teleatendimento psicológico surge como um recurso valioso para amenizar essa situação, permitindo que ribeirinhos e indígenas tenham acesso a estratégias para enfrentar os desafios emocionais. A FAS tem promovido um trabalho essencial, conectando profissionais de saúde mental com comunidades isoladas e ajudando a reduzir os efeitos psicológicos da estiagem. O suporte remoto se torna ainda mais relevante quando se considera a escassez de serviços especializados na região.

Com a intensificação das mudanças climáticas, iniciativas como essa se mostram cada vez mais necessárias. A relação entre o meio ambiente e a saúde mental não pode ser ignorada, e medidas de suporte precisam ser expandidas para garantir o bem-estar das populações afetadas. A atuação da FAS é um exemplo de como a tecnologia e o comprometimento social podem mitigar os impactos de crises ambientais, proporcionando acolhimento e esperança em tempos difíceis.

Fonte: FAS


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