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Seca, desmatamento e má gestão ameaçam o abastecimento. Foto: Zecteezy |
Por Luciana Bezerra
A crise hídrica no Brasil se tornou uma realidade imediata que impacta a economia, a agricultura e a vida cotidiana de milhões de brasileiros. Apesar de deter cerca de 12% das reservas de água doce do planeta, o país enfrenta um paradoxo: a escassez hídrica, agravada pelas mudanças climáticas, má gestão e infraestrutura deficiente, ameaça a segurança hídrica e o desenvolvimento sustentável. A situação exige ações urgentes e investimentos estratégicos para mitigar os impactos e garantir o abastecimento futuro.
Felipe Mendes, Head de Growth, da T&D Sustentável, destacou durante entrevista ao ConectaEco, nesta quinta-feira (06/02), a importância de investir em saneamento básico e no desenvolvimento sustentável.
"A conscientização e a mudança de hábitos são essenciais para reverter o quadro da crise hídrica no Brasil. É preciso que cada um faça a sua parte, economizando água em casa, no trabalho e na agricultura", ressalta Mendes.
O executivo destaca ainda que a adoção de tecnologias inovadoras, como a dessalinização da água do mar e a captação de água da chuva, também pode contribuir para aumentar a disponibilidade de água em regiões com escassez hídrica. O futuro do Brasil depende da gestão sustentável dos seus recursos hídricos.
Problema por regiões
O Sudeste, motor econômico do Brasil, enfrenta vulnerabilidade hídrica, como evidenciado na crise de 2014/2015, que afetou o Sistema Cantareira e gerou perdas bilionárias, conforme dados da dados da Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA). A capacidade dos reservatórios ainda não se recuperou totalmente, enquanto a crescente demanda pressiona os recursos hídricos. A escassez também impacta a geração de energia hidrelétrica, elevando custos e afetando a indústria.
A seca no Nordeste afeta milhões de pessoas e causou R$11 bilhões em prejuízos à agricultura em 2021, segundo a CNM. A transposição do Rio São Francisco ainda não resolveu totalmente o problema, agravado pela falta de saneamento e má gestão hídrica.
Apesar da abundância de água, a Amazônia enfrenta desafios como desmatamento e mineração ilegal, que afetam o ciclo hidrológico e aumentam os riscos de secas e enchentes. Segundo o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), o desmatamento atingiu níveis alarmantes, ameaçando a segurança hídrica. Além disso, a contaminação dos rios por mercúrio prejudica a saúde e a biodiversidade.